Bolsonaro sobre medidas cautelares contra ele: "É uma suprema humilhação"

Brasília, 18 jul (EFE).- O ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022) disse nesta sexta-feira que as medidas cautelares decretadas pela Justiça no âmbito do processo que enfrenta por golpismo são "uma suprema humilhação" e reiterou que "jamais" conspirou contra a democracia nem pensou em fugir do país.

"O julgamento pelo golpe é político", declarou Bolsonaro aos jornalistas ao sair da sede da Polícia Federal, onde lhe foi colocada uma tornozeleira eletrônica por ordem do Supremo Tribunal Federal, que abriu um novo processo vinculado ao julgamento por golpismo que o ex-presidente já enfrenta.

Explicou que esse novo processo se refere às gestões "por justiça" que seu filho e deputado Eduardo Bolsonaro faz nos Estados Unidos, que está nesse país desde março e se orgulha de ter influenciado na decisão do presidente Donald Trump de aplicar tarifas de 50% ao Brasil a partir de 1º de agosto próximo.

As medidas cautelares ditadas nesta sexta-feira impõem o uso da tornozeleira eletrônica; não sair de casa entre as 19h e as 7h; não utilizar redes sociais; assim como o proíbem de contatar embaixadores e diplomatas estrangeiros, se aproximar das embaixadas e falar com outros dos processados.

"Meu filho está nos Estados Unidos lutando pela democracia e a liberdade", garantiu Bolsonaro, que apontou que "todo mundo está com tarifas" aplicadas por Trump, que expressou apoio de forma explícita e justificou em parte as sanções ao Brasil na suposta "perseguição" ao ex-mandatário.

Segundo Bolsonaro, "os Estados Unidos são um país que projeta liberdade e não fariam nada contra a democracia no Brasil".

Ele também admitiu que "sugeriu" que poderia viajar aos Estados Unidos, apesar de seu passaporte estar retido pela Justiça, que o proibiu de sair do país, mas esclareceu que seria apenas para "negociar" pessoalmente com Trump a questão das tarifas, devido à sua proximidade com o líder republicano.

Bolsonaro insistiu que "todo o processo" contra ele é "político" e denunciou que a Justiça "está sufocando" a extrema direita, com a intenção de influenciar as eleições de 2026, nas quais não poderá participar, pois foi declarado inelegível por abuso de poder durante a campanha eleitoral de 2022.

IMAGENS: ALEX MIRKHAN.

RECURSOS DA SEDE DA POLÍCIA PENITENCIÁRIA, ONDE O EX-PRESIDENTE JAIR BOLSONARO FOI LEVADO PARA COLOCAR UMA TORNOZELEIRA ELETRÔNICA E DECLARAÇÕES DO EX-MANDATÁRIO.